18/05/2021, Webinar, Quais foram as fontes de inspirações de Georges Stobbaerts

Filmes antigos recuperados na RPT1

Também podem ver todo o filme Outubro de 1974.

Sebastiana Fadda
Inspirações no Teatro por Sebastiana Fadda

Tara Michael

Inspirações por Tara Michael

Magali Stobbaerts
Versão portuguesa:
Inspirações por Magali Stobbaerts
Version française:
Inspiration par Magali Stobbaerts

Jean Marc Duclos:
Version portugaise:
Factos e intuição indicam que a fonte de inspiração do Mestre Stobbaerts foi a “Inteligência do Céu” que se exprimiu nas coisas que ele aproximava.
Concretizou-se na vida em geral, nas coisas que criava, no movimento, na meditação, na reflexão, e de forma directa ou subtil, na contenção, no amor, na beleza, na vacuidade, no enorme entusiasmo, na alegria, na adaptação natural e na forma particular de atravessar dificuldades.

Poema lido por Maria João:
Versão portuguesa:
Baudelaire (Fleurs du mal)
Enlevo

Para além dos charcos e dos vales
Dos montes bosques nuvens e mares
Para lá do sol e das correntes d’éter
Além dos confins das esferas estelares,

Ó espírito em mim,
Tu és ágil nesses espaços
Tal um nadador exímio que na vaga se vem
Vagueias jubiloso pela imensidade profunda
Com uma volúpia máscula indizível

Voa
Longe destes miasmas mórbidos
Torna-te puro nessa atmosfera mais alta
E absorve a energia essência e divina O fogo
De um claro saboroso que paira nos espaços límpidos
Feliz
Aquele que com um golpe de asa vigoroso
Consegue alçar-se para os campos luminosos e serenos
Longe mas no seio das tristezas e das vastas mágoas
Que pesam tão pesadas sobre as existências de bruma

Aquele
Cujos pensamentos cotovias ao acordar partem logo para o ar do azul

Esse
Paira sobre a vida e entenda sem explicar a língua- das flores
A comunicação do mudo vivo.

Tradução de Maria Gabriela Llansol

Version française
Charles Baudelaire, Poèmes Fleurs du mal

Elévation
Au-dessus des étangs, au-dessus des vallées,
Des montagnes, des bois, des nuages, des mers,
Par-delà le soleil, par-delà les éthers,
Par-delà les confins des sphères étoilées,

Mon esprit, tu te meus avec agilité,
Et, comme un bon nageur qui se pâme dans l’onde,
Tu sillonnes gaiement l’immensité profonde
Avec une indicible et mâle volupté.

Envole-toi bien loin de ces miasmes morbides ;
Va te purifier dans l’air supérieur,
Et bois, comme une pure et divine liqueur,
Le feu clair qui remplit les espaces limpides.

Derrière les ennuis et les vastes chagrins
Qui chargent de leur poids l’existence brumeuse,
Heureux celui qui peut d’une aile vigoureuse
S’élancer vers les champs lumineux et sereins ;

Celui dont les pensées, comme des alouettes,
Vers les cieux le matin prennent un libre essor,
Qui plane sur la vie, et comprend sans effort
Le langage des fleurs et des choses muettes !

Christophe Geus:
Versão portuguesa:
Um grande obrigado pelo convite de permitir igualmente a palavra de um não praticante de Aikido.
É uma evocação que parte de um familiar e íntimo que diz verdade, mas também se engana. Para ir buscar em pouco tempo na minha memória tive de escolher ver certos vídeos, a escolha foi feita ao acaso como quem abre um livro com várias entradas: “É a vida de artista”,” vem aqui conho”, “fique direito? (tiens toi droit)”, “vigilância”, “isso não muda nada às estrelas”.
Escolhi vigilância, a vigilância no tempo presente, a presença na prática. O meu tio pensou que tinha receio dos discursos especulativos, os conceitos. O que o inspirava inscrevia-se nesta presença que pode ser associada a um certo prazer do mundo. O prazer das coisas simples por vezes infantis, maravilhosos.
Neste sentido esta vigilância é também uma oferenda simples ao mundo como oferecemos flores em Bali. É uma transcendência do quotidiano. Isto não se compra, não é um produto nem um comércio. Construi-se pedra a pedra. Havemos realmente compreendido a palavra sagrado? uma vida para tentar estar presente em vigilância.

Version française:
Vous pouvez écouter le texte

Pedro Girão
Versão portuguesa:
Gostava de deixar aqui ilustrados dois aspetos que reconheço na vida do mestre Georges Stobbaerts.
Não sei se se podem designar por fontes de inspiração, que estas dizem respeito ao seu íntimo e eu refiro-me a fatores de exterioridade, às suas expressões, pelo que talvez se trate, isso sim, de produtos da sua expiração; para além disso, a referência a esse íntimo pode ser, em algum caso, abusiva por ser excessiva, e noutro, ser redutora, por ser defeituosa, falente. Algo que, afinal, só o próprio poderia esclarecer.
Um desse dois aspetos era a sua necessidade de expressão, de utilizar o corpo e o movimento como instrumentos de revelação, para trazer à luz, ao entendimento, aquilo que era, no seu caminho, fundamental: a capacidade do ser humano de produzir, mais do que respostas, dúvidas e questionamento. É aqui que insiro aquele aikido que nos deu a conhecer e que costumo designar por primordial; são dele as seguintes palavras, referindo-se, ainda nos anos 70, a esse aikido: trouvons le mystère de l´être à travers le mouvement, ou seja, encontremos o mistério do ser através do movimento.
O outro aspeto era a importância que atribuía ao destinatário dessa sua necessidade de expressão: não o orbi papal da humanidade anónima (com esse, a gente não se ri!) mas sim o urbi do vizinho próximo (o nosso tori, o nosso aité); talvez se possa dizer que ele era um homem do urbi nec orbi (para a urbe, não para o mundo).

Miguel Raposo:
Versão portuguesa
Miguel Raposo Quais foram as fontes de inspiração de Georges Stobbaerts

Version française:
Sources d’inspiration par Miguel Raposo

João Almeida
Versão portuguesa
As fontes de inspiração do Mestre refletiam-se no que ele era, fazia, ensinava.
No Cosmos era a Via Láctea por simultaneamente representar a espiral e a Via.
Foi a maré cheia pois chegava sempre mais longe; e no mar as ondas. As vagas, sim as vagas no seu contínuo e fluído vai-e-vem. Qual respiração, na troca harmoniosa entre o vazio e o cheio, sopro de vida e amor. O fascínio das não fronteiras, do não preconceito.
Na floresta e na savana era o lago onde os animais iam beber.
A naturalidade do gesto, na sua simplicidade, fascinava-o e fascinava-nos.
O ser uma inspiração para os outros inspirava-o. A não imposição, conduzir e ser conduzido. A não oposição. A construção a dois.
Não era prisioneiro da forma, era gasoso, transcendência. Não agarrava nem largava, abria. Expandia o espaço.
Não gostava de armas de aço nem de madeira, a arma da sua vida foi o Amor.
Foi a arte: o ritmo da música, a musicalidade da dança, a dança da poesia, a poesia do movimento.
A beleza e o belo, na essência, na alma. A beleza do Ser Humano, a beleza do Ser Ser Humano.
Na vida a utopia…

Version française
Les sources d’inspiration du maitre se reflètent dans ce qu’il était, faisait, enseignait.
Dans le cosmos c’était la voie lactée car elle représentait simultanément la spirale et la voie.
Ce fut la marée haute car elle arrivait toujours plus loin ; et dans la mer les vagues. Les vagues, oui les vagues dans leur va et vient continu et fluide. Quelle respiration dans l’échange harmonieux entre le vide et le plein, souffle de vie et d’amour .La fascination du sans frontières, du sans préjugé.
Dans la forêt et dans la savane c’était le lac ou les animaux allaient s’abreuver.
Le naturel du geste, dans sa simplicité le fascinait et nous fascinait.
D´inspirer les autres l’inspirait. Le non imposé, conduire et être conduit. La non opposition. La construction á deux.
Il n’était pas prisonnier de la forme, il était comme un gaz, l’état gaseuse, transcendance. Sans saisir, ni rien lâcher, ouvert, il étendait l’espace.
Il n’aimait pas les armes, ni en acier ni en bois, l’arme de sa vie fut l’amour.
Ce fut l’art : le rythme de la musique, la musicalité de la danse, la danse de la poésie, la poésie du mouvement.
La beauté et le beau, dans l’essence, dans l’âme. La beauté de l’Etre Humain, la beauté de l’ être Etre Humain.
Dans la vie l’utopie…

Depoimento da Mãe

Webinar realizado em 18 Maio de 2021 com o depoimento dos vários intervenientes: Eric Stobbaerts, Magali Stobbaerts, Jalil Bennis, Sebastiana Fadda, Faouzi Skali, Paula Chambel, Tara Michael, Jean Marc Duclos, Maria João (leitura do poema), Christophe Geus, Paulo Roberto, Pedro Girão, Miguel Raposo, Manuel Galrinho, João Almeida, Catherine Lawless, Luis Fonseca, Luciano Larré, Michel Lotrowska
Traduções por Ana Oliveira, Barbara Stobbaerts e Constança Stobbaerts
Apoio Informático por Mariana Stobbaerts e Rodolpho Giannetto

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